A assistente social Maria Luiza Teixeira até hoje espera a chegada de uma viatura da Polícia Militar na casa onde mora, na praia de Cotovelo, em Parnamirim. Ela viveu momentos de terror durante um assalto que durou mais de duas horas na quinta-feira passada, dia 20 Maria Luiza, o marido e um vizinho foram amarrados enquanto os bandidos saqueavam a residência. O marido dela, mesmo cirurgiado, não foi poupado pelos bandidos e acabou sendo agredido fisicamente. Ela relatou que ligou para o número 190 do Ciosp e o atendente informou que enviaria uma viatura ao local. Ela ficou esperando das 23h às 4h pelos policiais e desistiu. Nenhum agente de segurança foi ao local do crime. “Ainda liguei outras vezes e não tive sucesso. Fico com um sentimento de desamparo”, relatou a assistente social.
“O contexto geral é realmente a falta de estrutura. Nos contamos com falta de efetivo e guarnição. Não podemos dizer que está a mil maravilhas, porque não está”, reconheceu o coordenador do Ciosp adjunto, major Joe Weider. Ele relatou que, por dia, o Ciosp recebe uma média de quatro mil ligações e, 85% delas, são descartadas. “São pedidos de informações, trotes, assuntos não ligados à segurança”, explicou. De 10%; a 15% dos registros são efetivamente efetivados e concluídos com envio das viaturas policiais. O caso da assistente social Maria Luiza Teixeira se enquadra, porém, nas ocorrências registradas, mas não finalizadas.
De acordo com o coordenador do Ciosp adjunto, as ocorrências são atendidas por critérios de relevâncias. “Homicídio, por exemplo, é uma ocorrência com maior potencial. O envio da guarnição de torna prioritário, pois a vítima ainda pode ser socorrida e o óbito evitado. Nos casos de furtos e roubos, que correspondem a 70% dos registros, a investigação fica a cabo da Polícia Civil e nem sempre é possível enviar viatura de imediato”, disse. O baixo efetivo de agentes de segurança e viaturas policiais, porém, não suaviza as tristes lembranças de quem foi vítima da violência urbana. “Além do terror psicológico com ameaças e armas de alto calibre apontadas para nós, eles deram coronhadas e chutes no meu marido. Ele chegou a ficar inconsciente e passou mal”, relatou Maria Luiza à TRIBUNA DO NORTE.
Sobre a demora das viaturas policiais chegarem aos locais das ocorrências, Joe Weider reconheceu que a situação é crítica. Ele é major de Polícia Militar e está na Corporação há quase 30 anos. “Os Batalhões (de Polícia Militar) estão operando com guarnições abaixo do nível crítico. Eu não posso negar isso, pois se comprova nas ruas. Nas zonas Norte e Sul de Natal, são três ou quatro viaturas. O ideal seria de 10 a 15 viaturas em operação diariamente. O operacional é hoje o nosso maior calo”. A TN tentou contato com a assessoria de imprensa da PM, além do comandante do Policiamento Metropolitano. As ligações não foram atendidas ou retornadas.
Tribuna do Norte
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