Cristina Fortes, que mora desde janeiro em Natal depois de viver por anos nos Estados Unidos, não tem nada contra adaptações culturais em eventos comerciais, desde que elas sejam acompanhadas também dos benefícios financeiros oferecidos pelo sistema que as inspirou, ou seja, o capitalismo norte-americano.
“É impossível fazer uma comparação entre o que se oferece no comércio lá e o aqui durante o Black Friday”, assegura Cristina. “Lá as promoções de lojas físicas são tão agressivas que alguns itens que normalmente já são baratos do dia-a-dia, em comparação com os preços cobrado aqui no Brasil, ficam tão mais em conta que chegam a provocar histeria nas pessoas”.
Tanto é verdade que, em 2015, a Black Friday nos Estados Unidos faturou cinco vezes mais que a Black Friday no Brasil, segundo o Adobe Digital, numa proporção de US$ 2,7 bilhões lá e R$ 1,9 bilhão aqui.
Mas os números estão mudando. Por aqui, a ação de vendas anual inspirada norte-americana e que ocorre na 4ª sexta-feira de novembro, após o feriado de Ação de Graças, vem alcançando números expressivos em boa parte devido à vendas de internet.
No Brasil, a propaganda corrente diz que é possível fazer compras com até 80% de desconto, mas não é isto que se vê na prática. Muitas lojas, aproveitando o momento, sobem artificialmente os preços de seus itens à venda para depois promoverem uma liquidação fictícia. Então, cabe ao consumir se informar e ser mais racional na hora de comprar gato por lebre.
Registros da história, que remontam a meados no século 19, indicam que a data nos EUA de uma “negra necessidade” dos comerciantes reagirem aos maus resultados de uma outra data tradicional norte-americana, o Dia de Ação de Graças. Se depois dele os negócios não melhorassem seria preciso correr para tirar o prejuízo em outra data – nascendo ai a Sexta-Feira Negra.
A edição americana acontece sempre na quarta sexta-feira de novembro, justamente um dia após o feriado nacional de Ação de Graças. O Brasil acompanha o mesmo calendário dos Estados Unidos com a diferença que aqui alguns lojistas realizam uma semana de promoções (black week) e até mesmo o mês de descontos.
Na década de 1960, a Black Friday chegou a ser combatida pelo movimento Black Power e alguns lojistas tentaram mudar seu nome para “Big Friday”, mas não deu certo.
A ideia de trazer a data e o nome para o Brasil é do publicitário Pedro Eugênio, do site Busca Descontos. Nas primeiras edições, a prática de empresas de aumentar os preços na véspera para cobrar “a metade do dobro” depois originou outra expressas: “Black Fraude”.
Agora RN
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