O juiz titular da vara de execuções penais, Henrique Blatazar Vilar dos Santos, pondera sobre a decisão. O magistrado disse que, diante do cenário de violência que vive o Brasil, colocar mais pessoas suspeitas de crimes na rua é “preocupante”. “Grandes traficantes podem ser colocadas em liberdade. Porque mulheres que não praticaram crime de violência e sem grave ameaça e tendo um filho pequeno podem ser soltas”, frisou o magistrado. O juiz explicou que mais da metade das presas no RN estão envolvidas com tráfico de drogas, o restante com casos de roubo e furto.
A decisão, conforme analisou Henrique Baltazar, é genérica, “quando não examina caso a caso”. Ele lembra que antes do parecer do STF, algumas mães que estavam presas já eram colocadas em regime domiciliar. Recentemente, inclusive, o juiz concedeu o benefício para três presas. Outra preocupação do magistrado foi da possibilidade das mulheres começarem a ser utilizadas por quadrilhas. “Para levar armas para um canto a outro sabendo que ela não ficará presa. É um estímulo, não para mulheres que queira fazer isso, mas elas podem ser forçadas a isso”, exemplificou Baltazar.
O Ministério Público Federal (MPF) se posicionou contra decisão. A entidade disse que não é possível conceder um habeas corpus de forma tão abrangente. Um dos motivos alegados é o risco de que, em alguns casos, as crianças possam ser utilizadas pelas mães para cometer crimes ou que a maternidade seja buscada apenas para garantir prisão domiciliar.
No Brasil, a decisão do STF, de terça-feira (20), pode atingir ao menos 4,5 mil detentas, cerca de 10% da população carcerária feminina, segundo levantamento parcial do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (IBCCRIM), do Instituto Terra Trabalho e Cidadania (ITTC) e da Pastoral Carcerária Nacional.
Tribuna do Norte
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