O estudo divide as causas das ocorrências envolvendo a falta de respeito às regras de trânsito em: dirigir em velocidade incompatível (responsável por 11,6% dos óbitos no período), realizar ultrapassagem indevida (8,4%), conduzir o veículo após a ingestão de álcool (4,8%), desobedecer a sinalização (4,4%) e não manter distância de segurança (1,1%).
Para o diretor do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), Maurício Alves, para reduzir esses índices, é essencial educar e conscientizar a população brasileira sobre a importância da segurança no trânsito. “O que nós estamos efetivamente trabalhando e iremos implementar como política de Estado é a necessidade de uma formação melhor do nosso condutor - desde os níveis primários até os condutores que estão hoje nas nossas vias”, afirma.
A segunda principal causa dos acidentes rodoviários que resultam em morte é a falta de atenção e o adormecimento. Juntos, esses dois fatores respondem por 23,4% do total de óbitos nos dez anos analisados. Os outros motivos identificados identificados pelo estudo foram: defeitos mecânicos (2%), presença de animais na pista (1,3%) e defeitos viários, causa de apenas 1,2% dos acidentes fatais.
Sem identificação
Além da elevada quantidade de mortes, outro dado preocupante é o que aponta o número de vezes em que as causas dos acidentes não puderam ser identificadas. Segundo o estudo, em 41,7% dos registros não foi possível apontar o motivo da ocorrência – esse percentual cai para 30% nos casos em que houve apenas feridos.
O consultor de segurança no trânsito da Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS), Victor Pavarino, destaca a importância de uma coleta de dados qualificada, para que ações preventivas possam ser efetivamente aplicadas. “Com boa informação, os recursos humanos, materiais, financeiros, podem ser direcionados de forma eficaz, em benefício não apenas do setor de segurança pública, mas também do setor de saúde, onde recaem muitos dos custos das mortes e lesões no trânsito”, analisa.
De acordo com Maurício Alves, o Denatran já trabalha no desenvolvimento de uma nova metodologia de identificação das causas de acidentes, o que, segundo ele, diminuirá consideravelmente os níveis atuais de ocorrências cujos motivos não são especificados. “Com a metodologia que será aplicada a nível nacional, unificada, [o índice de causas não identificadas] irá reduzir muito, e teremos dados mais concretos para trabalhar e, acima de tudo, termos políticas públicas voltadas para a redução de um número tão alto de mortes e feridos nas nossas vias”, explica.
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