Delator da Operação Candeeiro (que apura fraudes no Idema), Gutson Reinaldo, após ter sido condenado a 17 anos de prisão por participação em um esquema de desvio de R$ 35 milhões no Idema, prestou depoimento na tarde desta segunda-feira, 10, na 6ª Vara Criminal de Natal.
Durante todo o interrogatório, Gutson se mostrou calmo e respondeu a todos os questionamentos feitos por membros do Ministério Público (MPRN). Confirmou o esquema fraudulento no órgão, onde teria como meta recolher até R$ 20 mil na folha de ‘servidores fantasmas’ e disse ao juiz Ivanaldo Bezerra que o repasse era feito a sua mãe, que, por sua vez, repassava ao deputado estadual Ricardo Motta. Ele também afirmou ser “desprezado” pela família e teme morrer, depois que fez o acordo de delação premiada para denunciar a corrupção no Idema entre 2011 e 2015.
Gutson chegou a ficar preso por 13 meses no Quartel do Comando Geral da Polícia Militar, mas ganhou direito à prisão monitorada, após a delação. “Eu iniciei esse processo, que envolve poderosos agentes públicos. Portanto, é normal que me sinta inseguro. Não posso ver um carro parado na frente da minha casa. Minha vida virou um tormento. Não tenho nenhum tipo de contato com minha família. Moro sozinho e só tenho a proteção de Deus”, disse nesta segunda-feira, em contato com jornalistas.
Atualmente, Gutson é monitorado pela Justiça, através de tornozeleira eletrônica, e cumpre pena no regime semiaberto. De acordo com Fernandes Braga, advogado de Gutson, seu cliente apenas ratificou no interrogatório as informações que já havia revelado à Justiça, após acordo de colaboração com o Ministério Público.
Um dos pontos importantes do depoimento foi quando ele reafirmou ter sido procurado por dois agentes públicos no tempo em que esteve preso – um deles teria sido a mando do governador Robinson Faria. Na proposta, Gutson receberia uma quantia em dinheiro para não denunciar o esquema fraudulento. “Ele revolucionou a classe política após as denúncias. Existe esse receio dele em ser morto por conta da complexidade e entrada de muitos atores sociais e políticos no curso desse processo. Ele é um colaborador da justiça pública”, destacou Fernandes.
Agora RN
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