A alta estação se aproxima, e o maior e mais antigo monumento do Rio Grande do Norte permanece um amontoado de pedras, areia, problemas e burocracia. Anunciada em setembro como candidata ao título de Patrimônio Mundial da Humanidade pela Unesco, a Fortaleza dos Reis Magos pode ficar fora do páreo se a atual situação de abandono não for revertida: a lojinha de artesanato fechou, e não há equipe gestora no lugar – apenas seguranças, recepcionista e assistentes de serviços gerais. A própria edificação, mais a presença do Marco de Touros original – chantado no litoral Norte potiguar em 1501 –, e os guias de turismo que atuam (autorizados) de forma quase voluntária, garantem que a história não passe despercebida.
Apesar de aberto à visitação, o forte concluído em 1599, símbolo máximo da fundação de Natal, está com ambientes interditados e deixou de oferecer atrativos aos poucos visitantes que se aventuram no local. Os receptivos de turismo que operam em Natal suspenderam as visitas há dois anos por falta de estrutura e segurança, e para evitar reclamações, motivadas pelo ‘oco’ museológico e o quadro de ‘obra parada’ os ingressos deixaram de ser cobrados.
Administrado pela superintendência regional do Instituto Histórico e Artístico Nacional (Iphan) desde dezembro de 2013, após passar quase quatro décadas sob responsabilidade do Governo do RN, o Forte deverá voltar para as mãos do Estado em breve. A diretora-geral da Fundação José Augusto (FJA), Isaura Rosado, adiantou que “neste mês de novembro” será anunciada a data de assinatura do termo de cessão.
As negociações entre o Iphan e a FJA começaram em maio passado, e o processo de cessão provisória pelos próximos 20 anos tramita no Iphan Nacional em Brasília. O teor da cessão, segundo informações do Governo do Estado, implica em assumir todas as despesas de uso, guarda e preservação do imóvel, seguindo as orientações do Instituto.
Enquanto isso, sem uma linha regular de ônibus urbano (responsabilidade da STTU), com segurança externa insuficiente (atribuição da Polícia Militar), iluminação precária no entorno (Semsur e Codern) e pouca infraestrutura no terminal turístico (Setur e Sectur), o monumento eleito em concurso nacional entre as sete maravilhas do Brasil segue ilhado na boca da barra do Rio Potengi.
“Qualquer cidade precisa de atrativos turísticos, e a visitação do forte, por si só, ao meu ver, é insuficiente. Deveria haver uma dinâmica maior de eventos no local, tornar mais interessante. Assim como a Fortaleza dos Reis Magos, o bairro histórico da Ribeira, não recebem a atenção necessária do poder público”, avaliou José Odécio, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH-RN).
Tribuna do Norte
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