O traficante Fernando Luiz da Costa, conhecido como “Fernandinho Beira-Mar”, foi transferido da Penitenciária Federal de Porto Velho para a Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte. A informação foi confirmada por fontes da TRIBUNA DO NORTE ligadas ao Ministério da Justiça. O traficante ficará no presídio em Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), que impede contato com outros presos da unidade. Beira-Mar é condenado a quase 320 anos de prisão por crimes como tráfico de drogas, formação de quadrilha e homicídios.
Também estão custodiados em Mossoró outros líderes da facção carioca Comando Vermelho (CV). Apesar de não ter contato com nenhum deles, Beira-mar, que também faz parte da facção, dividirá o presídio com Márcio dos Santos Nepomuceno, o “Marcinho VP” e Elias Pereira da Silva, o “Elias Maluco”; Beira-Mar foi transferido em aeronave da Força Área Brasileira (FAB), disponibilizada para a Polícia Federal. O comboio do Sistema Penitenciário Federal e Polícia Federal chegou por volta das 9h50 ao Aeroporto Internacional Governador Jorge Teixeira, na capital rondoniense. O embarque foi às 11h, com escolta de 20 policiais federais. A chegada em Mossoró, era prevista para a madrugada de hoje (26).
Esta é a segunda vez que o traficante carioca passa por pela penitenciária potiguar. Em 2011, ele foi transferido junto cinco presos em um rodízio aplicado ao traficante desde 2006, e ficou na unidade por um ano. O presídio de Mossoró é uma das cinco penitenciárias federais do Brasil e a única no nordeste. Tem capacidade para abrigar 208 presidiários.
Beira-Mar comandava uma quadrilha de tráfico de drogas mesmo detido em presídio federal. Durante as investigações, reveladas pela Polícia Federal, se identificou que o criminoso juntava dinheiro para expandir os negócios para o Suriname e traficar fuzis. O traficante movimentou cerca de R$ 9 milhões nos últimos dois anos.
Na quarta-feira (25), a PF cumpriu 35 mandados de prisão e 27 de condução coercitiva na Operação Epístolas, que investiga a quadrilha ligada ao traficante Fernandinho Beira-Mar. Dentro os presos está Danúbia Santos da Silva, apontada pela polícia como mulher do traficante João Maria de Oliveira, conhecido como “Seba” ou “João Cego”, que está preso na Penitenciária Federal de Porto Velho.
Os mandados foram expedidos pela 3ª Vara Federal, e as buscas e prisões são no Rio de Janeiro, em Rondônia, no Ceará, em Mato Grosso do Sul, na Paraíba e no Distrito Federal. Dos 35 mandados de prisão, 22 foram de prisão preventiva e 13 de prisão temporária.
A operação inclui ainda como medidas cautelares 85 mandados de busca e apreensão e o bloqueio de valores que somam R$ 9 milhões em 51 contas bancárias. Segundo a PF, as investigações se iniciaram há cerca de um ano, depois que um bilhete picotado foi encontrado em uma marmita por agentes federais da Penitenciária Federal de Porto Velho, onde Beira-Mar cumpria pena.
A perícia constatou que o bilhete foi redigido pelo criminoso e continha ordens a integrantes da quadrilha que estavam em liberdade. Ao longo das investigações, foram apreendidos 50 bilhetes endereçados ao preso. Por esse motivo, a operação se chama Epístolas, nome dado a textos enviados em forma de carta.
Segundo as investigações, a quadrilha movimenta R$ 1 milhão por mês e utilizava, principalmente, casas de show e bares para lavagem de dinheiro, além de aquisições de imóveis e reformas. Beira-Mar também exercia poder em atividades de 13 comunidades de Duque de Caxias, com o fornecimento de gás, água, cigarro, serviço de mototáxi e caça-níquel.
Uma “falha” na Lei de Execuções Penais (LEP), ainda “permite” que presos tenham visita sociais sem monitoramento. Com a mudança da lei, essas visitas passariam a ocorrer no parlatório, onde o monitoramento seria possível. Para os agentes de execução penal, a mudança na lei seria a “solução” para isolar os presos, e impedir que comandem crimes de dentro da cadeia.
Tribuna do Norte