terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Bloco "Os Cão" leva alegria e irreverência ao mangue da Redinha

A terça-feira do carnaval natalense sempre começa vestida de lama. É assim na Redinha há 53 anos, quando o bloco Os Cão emerge do mangue para celebrar mais de meio século de folia, fazendo a alegria dos moradores do bairro, de natalenses de todas as partes da cidade, e dos turistas entusiasmados. Ao som de batuques e bandinha de frevo, melados e não melados de todas as idades animaram a área em mais um ano. O movimento começa por volta das 8h30 da manhã, com os primeiros foliões chegando devagar, esperando que a maré baixe e a lama fique mais seca para aderir melhor ao corpo. Surgem também os primeiros curiosos, atraídos pelo festival de figuras inusitadas que vão aparecendo aos poucos. Vários, para valorizar a fantasia, lançam mão de adereços como tridentes (tudo de plástico, claro), dentaduras de vampiro, óculos com olhos saltando, capas, chifres, crânios de animais, e o que mais a imaginação carnavalesca permitir.



O programador Halan Pinheiro foi o primeiro a chegar – e um dos mais empolgados. Vestido como um tipo de samurai “artesanal”, poderia estar numa competição de cosplay. O toque final era a lama. A esposa, Larissa Paula, conta que 2017 marca a volta do marido ao bloco, ausente há quatro anos devido o nascimento da filha. “Por isso ele está tão feliz, matando a saudade d'Os Cão. Só não vou porque alguém tem que cuidar da menina”, diz ela, enquanto fotografa e filma todos os movimentos do seu Cão particular.

O ambientalista Júlio Merege, folião há 22 anos, ficou contente pela área estar mais limpa este ano do que em outros. “É mais seguro para o folião, que não corre os risco de pisar em vidros ou latas. Mas seria bom todo mundo fazer sua parte e não jogar lixo, afinal, o mangue precisa estar bem para que Os Cão existam”, concluiu.

 O cearense Hudson Macedo, estudante de pedagogia, está morando há três anos em Natal e não perde uma saída dos Cão desde que mora por aqui. “É o único bloco que espera pela natureza, que tem uma fantasia orgânica. Sem falar que é como uma família. Quando os enlameados se encontram, é como se fossem irmãos”, afirma. Geisa Santos carrega a afilhada de dois anos num braço, e uma manga no outro. É foliã dos Cão há mais de 20 anos. “Eu brincava no começo com minha irmã, é uma tradição de família. Sempre me sinto à vontade”.



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