sexta-feira, 31 de março de 2017

Agricultor potiguar manda cabeça de vaca e carta de protesto pelos Correios para o presidente Michel Temer

O agricultor conhecido em toda a região Seridó potiguar como “Cição Bandido” viajou 180 km nesta quinta-feira (30), com uma missão especial.  Cição veio a Mossoró, enviar através dos Correios uma carta e uma cabeça de vaca com dois chifres para o presidente da República, Michel Temer, em Brasília.
O presente foi devidamente entregue na manhã desta quinta-feira na agência dos Correios, no bairro Doze Anos, em Mossoró.
Segundo ele, a carta e a cabeça da vaca são enviadas em forma de protesto às condições vividas pelo homem do campo, citando ainda a polêmica Reforma da Previdência, apresentada por Temer.
O potiguar justifica que Michel Temer não conhece as condições vividas pelos nordestinos – principalmente referentes à estiagem prolongada – e que não “olha para o Nordeste”.
“É um presente que eu vou mandar para Michel Temer”, disse ele, explicando que fez questão de caprichar na arrumação do pacote.
“Tá bem embalado para não feder viu? Eu joguei até uns perfumes assim por cima para não ficar fedendo. Agora vocês aqui tão sentindo ‘catinga’? Pois Michel Temer vai sentir lá a ‘catinga’ da vacas que morreram no Nordeste, porque ele não sabe, não sabe nada do Nordeste, nada desse gado que morreu, nem do homem do campo”, explicou o agricultor.
“Pode ele achar até ruim porque a vaca tem dois chifres”, brincou Cição.
Já na carta, o agricultor dá sugetões de como o governo federal pode ajudar mais o homem do campo. Segundo Cição, em Caicó há muitas maquinás da engenharia do Exército, que podem ser usadas para escavação de poços artesanais nas comunidades e sítios.
“Precisa de poços, muitos poços, eles perfuram poços de 200 a 300 metros. Se a gente não fizer pressão nesse governo, ninguém faz nada”, explicou.
O agricultor ainda comentou a reforma da presidência, que está prestes a ser votada pela Câmara Federal. Ele diz que vai prejudicar muitos os trabalhadores que já têm vida sofrida no país. “E o pau vai se quebrar nos mais fracos, os trabalhadores rurais”, citou.
Querido pelo homem do campo na sua região, há anos Cição travou uma luta a favor dos direitos dos trabalhdores rurais. Ele sozinho já fez protestos pelas ruas de sua cidade, Caicó e foi até preso.
O apelido de “Bandido”, ele explica. Não que é seja homem mau. É que em ano de campanha eleitoral, ele ouviu pessoas dizendo que se alguém tivesse o nome de bandido, todo mundo votaria. Ele entrou na “onda” e adotou o sobrenome de bandido, mas faz questão de esclarecer: “É Cição Bandido Bom”.
Em 2012, ele se candidatou a deputado federal e mesmo não vencendo a eleição, recebeu bastante voto. “Fui o mais votado no Seridó, causou até brigas entre eles [os políticos]  porque eu ganhei sem ter nem dinheiro para combustível e tinha voto. Disseram no dia em que tiver um candidato com nome de bandido ele ganha, eu disse, pronto vai ser eu”, detalhou o agricultor.
Cição destaca que o homem do campo vive dias difíceis. A seca que se prolonga anos após anos tem causado danos desastrosos.
“No sertão dos Seridó, teve pecuarista que abandonou tudo. Todo dia morria vaca, em 2013, foi quando fiz aquele protesto, vinha muito milho para a Conab, mas só dava para os afilhados”, comentou.
Com o protesto, em forma de carta e cabeça de vaca, o agricultor busca chamar a atenção dos governos para o homem do campo
Mossoró Hoje

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