quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Ainda há corpos do massacre do Presídio de Alcaçuz sem identificação

O chamado “massacre de Alcaçuz” entrou para a história do sistema penitenciário potiguar como a maior matança e rebelião já registradas no estado. Segundo número oficial do Governo do Estado, durante os dias de confronto iniciado em 14 de janeiro, entre facções criminosas presentes na Penitenciária Estadual de Alcaçuz, ao menos 26 detentos foram brutalmente assassinados. Mesmo após mais de sete meses decorridos desde o início da rebelião, um corpo ainda segue sem qualquer identificação. Trata-se de um homem carbonizado por rivais dentro da maior unidade prisional estadual.

Além dele, outro cadáver também não foi identificado. Contudo, este último foi enterrado pouco tempo após o massacre porque ninguém reivindicou como sendo um parente. Assim, entre janeiro e fevereiro, o detento morto, que não estava carbonizado, foi enterrado como indigente. Até hoje, o Instituto Técnico-científico de Perícia não identificou sua identidade ou algum familiar.

Ao todo, após o massacre, quatro corpos foram recolhidos e permaneciam meses após sem qualquer identificação. Além do enterrado como indigente, outros três estavam carbonizados, o que dificultava o trabalho. Isso porque apenas exames de DNA poderiam dar um nome e rosto aos cadáveres danificados pelo fogo. Dois deles foram identificados e entregues às suas respectivas famílias em julho passado.


Assim, um corpo carbonizado segue no Itep e sem nome. Entretanto, ele já foi reclamado por duas famílias. Comparações genéticas foram feitas com uma delas, que acreditava que aquele fosse um parente. Entraram com o pedido para identificação em junho, mas no início de julho, após exames feitos no laboratório do Instituto de Medicina Legal (IML) da Bahia, em Salvador, as amostras deram negativas.
Entretanto, outra família também reclamou o corpo, em meados de julho. O Itep, por meio de sua assessoria de imprensa, diz que ainda não foi definido onde o exame de DNA comparativo será feito. Nenhum prazo também foi dado. O fato é que ele pode ter o mesmo destino do primeiro corpo enterrado como indigente. “Caso dê negativo novamente, ou seja, esse corpo não seja de parente desta família, provavelmente este carbonizado deva ser enterrado como não identificado”, informou o órgão pericial.

Na ocasião, 15 dos mortos, conforme indicou o Itep, foram encontrados decapitados em Alcaçuz. Ao todo 26 corpos foram recolhidos, sendo que 22 foram identificados quase que imediatamente após a matança e entregues às suas famílias. Onze deles, entretanto, foram liberados sem cabeça, e a outra metade foi sepultada “completa”, informou, à época, o órgão pericial.

O massacre de Alcaçuz começou em 14 de janeiro deste ano. O horário de visitas de familiares na penitenciária tinha acabado quando a correria e a barbárie tomaram conta da unidade. Eram cerca de 16h, quando foi dado início a um massacre que resultou na morte de presos e um motim de quase duas semanas, que dominou e destruiu a unidade. Presos vinculados ao Primeiro Comando da Capital (PCC) invadiram os pavilhões onde estavam membros do Sindicato do RN, seu grupo rival, e promoveram a maior chacina da história do Rio Grande do Norte.

Sete meses depois, os pavilhões 1, 2 e 3 da penitenciária tiveram obras concluídas e entregues à Secretaria de Estado da Justiça e da Cidadania (Sejuc). Também após a rebelião, um muro de concreto foi erguido dividindo toda a unidade ao meio. O Pavilhão 4 passou a integrar o 5, que é conhecido como Presídio Rogério Coutinho Madruga.

Hoje com a situação sob controle, com a ajuda da Força-Tarefa de Intervenção Penitenciária (FTIP), agentes cedidos pelo Governo Federal, a ideia é transformar a maior unidade do estado em um complexo penitenciário, integrando alguns Centros de Detenção Provisórias (CDPs) estruturalmente deficientes, o efetivo destes e concentrando a população carcerária em um mesmo espaço.


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